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Tratamento de Efluentes de Laticínios: por que é importante?
Atualizado: 24 de jan. de 2022
Sempre que é abordado o assunto Tratamento de Efluentes Industriais, devemos levar em consideração o Tipo de Efluente gerado e suas principais características. Neste texto, serão apresentadas as características específicas em relação aos Efluentes de Laticínios e sua importância..
- Mas o que são os Efluentes de Laticínios?
Todo o processo de industrialização e manuseio direto do leite, bem como seus derivados (queijos, requeijões, manteigas, etc), que apresentam uma alta representatividade no mercado de consumo interno e exportações, acabam gerando os chamados efluentes da indústria de laticínios. Para se ter uma ideia, apenas no ano de 2020, a produção de leite alcançou o valor de 35,4 bilhões de litros, sendo que o maior produtor foi o estado de Minas Gerais, com produção total de 9,7 bilhões de litros, representando 27,4% do setor. No mesmo ano, em termos monetários, o leite movimentou diretamente R$ 75,5 bilhões, 1% de todo PIB nacional.
Com as informações apresentadas acima, é indiscutível a importância da indústria de laticínios para nosso país, seja na geração de renda para milhares de cidadãos ou na melhoria de qualidade de vida e segurança alimentar dos brasileiros (já que o leite e seus derivados são alimentos ricos em proteínas e cálcio, nutrientes indispensáveis em qualquer plano alimentar).
Em contrapartida, as indústrias de laticínios possuem um risco ambiental alto, que de forma alguma pode ser negligenciada, devido a sua capacidade de poluição dos corpos d’água.
- Mas qual é o risco ambiental causado pelo Efluente da Indústria de Laticínios?
Os indicadores para este perfil industrial, apresentam que, para cada litro de leite processado, é gerado de 2 a 10 litros de efluente com alta carga orgânica, que, se não reduzida satisfatoriamente e dentro das condições exigidas pelos órgãos ambientais antes do descarte, acarretará diretamente na degradação do corpo receptor (fato este que é indiscutível).
- Mas o que deve ser feito pela Indústria de Laticínios?
Portanto, todo laticínio deve ter em sua planta uma estação de tratamento de efluentes (ETE) para reduzir/mitigar a poluição ambiental, independente da sua localização (cidade, estado, país). No âmbito nacional, a legislação que deve ser seguida para descarte do efluente após tratamento é a resolução CONAMA N° 430 de 2011, onde a principal exigência é a remoção de 60% de DBO – que em outras palavras, diz que se deve remover no mínimo 60% da carga orgânica gerada no processo. No entanto, existem estados, como Minas Gerais e São Paulo, que possuem exigências mais restritivas. Minas Gerais, por exemplo, o valor de remoção de DBO mínimo é de 75% e a média anual de remoção deve ser igual ou superior a 85% (deliberação normativa COPAM/CERH-MG N° 1 de 2008).
Apesar do efluente de laticínio ser muito poluente, o seu tratamento não costuma ser muito complexo, gerando um fluxograma de tratamento relativamente simples, devido as suas características biológicas e físico-químicas, conforme pode-se observar no descritivo a seguir:
Inicialmente, o efluente passa por grades e/ou peneiras para retenção de sólidos grosseiros; posteriormente, o resíduo líquido é encaminhado para tanques de equalização para amortização de cargas orgânicas e hidráulicas; depois da equalização, geralmente ocorre a etapa de correção de pH e dosagem de coagulante em um compartimento de mistura rápida; saindo da mistura rápida o efluente passa por tanques de flotação, os quais inserem ar dissolvido para separação de “água” e gordura, a gordura por ser menos densa que a água emerge a superfície do flotador e é removida através de pás rotativas; por fim, e mais importante, o efluente é direcionado a algum sistema de tratamento biológico, podendo ser anaeróbio ou aeróbio, onde basicamente a alta carga orgânica (substrato) presente no efluente serve de alimento para os microrganismos (biomassa) dos reatores biológicos, ocorrendo assim a degradação de grande parcela da matéria orgânica. Dentre os sistemas de tratamento biológicos mais comuns empregados para este tipo de efluente está o Reator UASB e o sistema de Lodos Ativados.
Para concluir, ressalta-se que apesar de não ser um sistema de tratamento considerado complexo, é imprescindível o acompanhamento e avalição técnica por um Engenheiro (e/ou Empresa de Engenharia), para que seja possível dimensionar um sistema adequado a necessidade e realidade de demanda, evitando investimentos inadequados e até mesmo, resultados posteriores de operação ineficientes.

